Peça de Ruth Salles Dramatização de um conto de fadas dos irmãos Grimm. Sugerida para crianças de 7 anos. Personagens: Coro, Mãe, Rosa-Branca, Rosa-Vermelha, Urso (Príncipe), Gnomo, Águia, Irmão do Príncipe.
O coro fala, enquanto a mãe borda, sentada na cadeira de balanço, e cada menina rega sua roseira, uma de rosas brancas, outra de rosas vermelhas. Alguma coisa representa uma lareira. Há duas vassouras no canto. Isso se passa do lado esquerdo, porque à direita será o campo por onde as meninas vão andar e se encontrar com o gnomo.
Coro : – No monte mais alto, no meio da mata, numa casa branca coberta de telha, moram Rosa-Branca e Rosa-Vermelha. Moram com a mãe a rola e o cordeiro, cada Rosa cuidando de sua roseira. A luz da lanterna na sala luzia. Lá fora da casa a neve caía.
Mãe: – Quanto frio faz lá fora! Rosa-Branca, feche a porta.
(Depois que Rosa-Branca faz de conta que fecha a porta, ouvem-se batidas.)
Coro: – Pam! Pam! Pam!
Mãe: – Alguém bateu com força agora! Rosa-Vermelha, abra a porta!
Rosa-Vermelha (vai depressa abrir, e o urso entra): – Ah, é o urso de pêlo grosso! Todo inverno ele fica connosco.
Urso (chegando-se à lareira): – Vim aquecer-me junto do fogo.
Mãe: – Oh, está cheio de neve o seu pêlo! Vão, minhas filhas, vão varrê-lo! (As duas o varrem com animação demais.)
Urso: – Rosas, Rosas, é bom parar, ou ao seu noivo irão matar.
(As meninas param, põem as vassouras no lugar e se sentam aos pés da mãe, que cochila. O urso se deita e dorme, para significar a passagem do tempo.)
Urso (acorda e se espreguiça): – A neve acabou. Já é primavera. Já saem os gnomos de suas cavernas, para roubar! Adeus! Meu tesouro eu vou vigiar. (Levanta-se e vai saindo pela porta)
Rosa-Branca: – Mãe! Ele cortou-se na porta, coitado!
Rosa-Vermelha: – Eu vi, Mãe, eu vi por baixo da pele um brilho dourado!
Mãe (dando uma moeda a cada menina): – Minhas filhinhas, quando de novo ele aparecer, nós vamos saber. Agora, vão à cidade comprar fitas e linhas, para a Mãe costurar. (As meninas saem de mãos dadas.)
Rosa-Branca: – Até a cidade vamos andar. No meio da mata vamos passar.
(Elas vêem o gnomo, com um saco do lado e a barba presa num pedaço de lenha.)
Rosa-Vermelha: – É um gnomo com a barba imprensada na lenha cortada.
Rosa-Branca: – Ele se sacode sinuosamente como uma serpente!
Gnomo (sempre zangado): – Socorro! Socorro! Que fazem paradas?
Rosa-Vermelha: – Vamos já salvá-lo! Pobrezinho, prendeu-se sozinho! (Elas o soltam e tentam ajudá-lo com o saco.)
Gnomo: – Em meu saco de ouro não ponham a mão! Estão querendo me roubar ou não?
Rosa-Branca: – Não! Só queríamos ajudar!
(O gnomo sai para depois aparecer do outro lado com outro saco.)
Rosa-Vermelha: – Até a cidade vamos andar. Na beira do rio vamos passar.
Gnomo (com a barba presa de novo): – Ai, ai, ai! Eu estava pescando. Fiquei ofuscado com a luz do sol e prendi a barba na ponta do anzol!
Rosa-Vermelha: – É o gnomo nosso amigo passando por outro perigo!
(As duas correm a soltá-lo e tentam ajudá-lo com o saco.)
Gnomo: – Em meu saco de pérolas não ponham a mão! Estão querendo me roubar ou não?
Rosa-Branca: – Não! Só queríamos ajudar!
(O gnomo sai para aparecer do outro lado com outro saco.)
Rosa-Vermelha: – Até a cidade vamos andar. Por um descampado vamos passar.
Gnomo (com a barba presa pela águia): – Ai, ai, ai!...
Rosa-Branca: – É o gnomo que gritou. A grande águia o agarrou!
Rosa-Vermelha: – Nas garras da águia ele chora. Ainda bem que chegamos agora. (Elas o soltam e tentam ajudá-lo com o saco.)
Rosa-Branca: – Que saco tão grande e pesado... Parece estar bem recheado!
Gnomo: – Nas pedras preciosas não ponham a mão! Estão querendo me roubar ou não?
Rosa-Branca: – Não! Só queríamos ajudar!
(Elas saem por um lado e voltam por outro. O gnomo também sai e volta com um saco maior ou com os três sacos.)
Rosa-Vermelha: – Lá da cidade estamos voltando e pelas rochas vamos passando.
Gnomo (despejando o saco): – A esta hora ninguém me verá, e meu tesouro vou espalhar!
Rosa-Branca (admirada): – O sol poente brilha diferente sobre aquela rocha!
Rosa-Vermelha (espantada): – É ouro! São pérolas! E pedras preciosas!
Rosas e Gnomo (vendo aparecer o urso): – Oh, oh, oh!
Gnomo (todo amável): – Querido urso, não vá me bater! Eu lhe dou tudo que aqui você vê. Mate as meninas, que são gordinhas para comer...
(O urso expulsa o gnomo, e as Rosas começam a fugir. Cai a pele do urso e aparece o príncipe com um traje dourado. Ele chama as Rosas.)
Príncipe: – Rosa-Branca! Rosa-Vermelha! (Elas voltam depressa) Sou o príncipe encantado que enfim se desencantou. Esse gnomo tão malvado, que me havia enfeitiçado, o meu tesouro roubou. Até poder derrotá-lo, eu estava condenado a vagar assim no mundo como um urso bem peludo.
Todos (cantam): "Nosso príncipe que voltou com a Rosa-Branca já se casou. Seu irmão também vai chegar. Com Rosa-Vermelha se casará.
Repartiram aquele tesouro: as pedras, as pérolas e o ouro. Com a mãe, a rola, o cordeiro, foram felizes a vida inteira."
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